Quarenta
Lá se vão quarenta anos, dizem que é agora que a vida
começa. A vida eu não sei, mas essa crônica sim. Numa boa expectativa começamos
o segundo tempo sem intervalo de descanso, torcendo para que o jogo melhore ou
o juiz não decida interromper a partida. Também não sei porquê a analogia ao
futebol uma vez que nem o acompanho, deve ser porque este é um ano de copa
assim como em 1978. Só falta dar Argentina de novo. Bateria na madeira se fosse
supersticioso, mas quatro décadas foram suficientes para extirpar de mim
qualquer tipo de crendice. Acredito apenas em pessoas sinceras, emoções
verdadeiras e na capacidade de me adaptar frente às vicissitudes do cotidiano.
Viver é uma arte, haja criatividade.
Olho para trás e comemoro algumas conquistas, mas me
arrependo de várias atitudes. Então, busco o equilíbrio na balança do presente.
Perfeição está na busca nunca em nós. Aprendi que o que se planta colhe e que
não existe almoço grátis nem se você for convidado. A vida cobra seu
preço, tenho pagado a minha fatura, o que me pesa são os juros.
Depois de tanto tempo, ainda não saberia responder o
que é a vida? Acidente da matéria, criação divina, ou seja, lá o que for. Não
me atenho à resposta. Fico com a dúvida, preservo minha ignorância, desconhecer
alimenta minha imaginação e me permite criar eu mesmo o seu próprio sentido. Gosto
de um filósofo grego que diz que “só sei que nada sei” num mundo de vaidades a
intelectual me parece a mais contraditória, humildade é um bom antídoto para o
equivoco. Que nunca me falte, se é que possuo.
Quanto às expectativas são várias desde as mais
simples e importantes como ter saúde até as mais complexas como elaborar uma
equação que me permita ganhar na Mega Sena com um só bilhete. Se isso não
acontecer, o plano B é seguir trabalhando e desistir da perspectiva de
aposentadoria prévia, mas tudo bem, se a primeira expectativa falhar nem tudo
estará perdido. Seguirei lendo, escrevendo e lecionando se isso acontecer não
há dinheiro que pague a satisfação.
Outra cousa que não tem preço são as pessoas queridas
que passam pela nossa vida, elas chegam de diferentes formas, e não vão mais
embora, pois nunca nos esquecemos dum verdadeiro amigo, jamais se apaga a
lembrança de um sincero amor. Estar só
pode ser muito bom, ser solitário é uma tragédia. Não se percorre quatro décadas
na solidão, ou anda-se de mãos dadas ou arrasta-se.
Enfim, tenho quarenta anos, nem eu mesmo acredito. Trata-se
de um tempo cronológico, o psicológico é variável, geralmente menor. Não quero
começar com essa história de que a juventude está na cabeça, pois embora eu não
tenha entradas de calvície e nem fio de cabelo branco, penso que se sentir
jovem já é um indício de velhice, então assumo a idade, quarenta, quarenta anos.
Que a vida (re)comece!
Caraca , cada vez mais me surpreendo com seus textos professor, parabéns e feliz aniversário!
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