Breve resenha sobre o livro Malditos Professores Mal Ditos

O romance: Malditos Professores Mal Ditos dos autores e professores Alvin Peterson e Carlos A. Corrêa publicado pela Editora: Clube dos Autores se apresenta de forma ficcional, mas que muito “coincidentemente” revela bastante a relação de seus personagens com a realidade sócio educacional brasileira, sobretudo a pública. Seu protagonista 08672/K é um professor admitido em caráter temporário ACT que é identificado durante toda narrativa por seu número de matrícula junto a Secretaria de Educação, o que sugere a anulação de sua personalidade e condição humana e a relação de sucateamento estabelecida pelo Estado empregador para com o servidor da educação.  

O espaço da narrativa não seria outro senão o ambiente escolar por onde circulam outros professores também identificados por suas respectivas matrículas, alunos identificados por seus respectivos (maus) comportamentos, pais “especialistas em educação” que contribuem para os principais momentos de tensão e, opressão da trama, coordenadores de gabinete e diretores do caos que fazem da escola palanque eleitoral de políticos que veem na educação um mote já batido, mas ainda atraente para o seu discurso de persuasão e conquista de votos, além de sindicalistas opositores preocupados em combater seja lá quem for que esteja no poder (si hay gobierno soy contra) para justificar seu despropósito funcional e seu ressentimento político ou até mesmo amoroso conforme a trama em questão.


Narrado em terceira pessoa o romance apresenta um narrador onisciente que estabelece amiúde o fluxo de pensamento do protagonista que em sua condição erudita constitui vários diálogos mentais com artistas, filósofos e poetas conforme vivencia as mais diversas e esdrúxulas situações da trama. Neste contexto o caos define a ordem dos acontecimentos, comportamentos e pensamentos das personagens, demonstrando o nonsense da nossa situação educacional. “O ensino é essa coisa loca que todos esperam que o professor diga tudo sem ser ouvido.” Mas que nesta obra se faz ouvir, ou melhor, entender a respeito de seus dilemas, angústias e condição frente a um universo complexo, desvalorizado e muitas vezes hostil, mas crucial para o desenrolar da história de 08672/K e por extensão a todos nós que frequentamos, presos ou não a jalecos de força,  esse verdadeiro manicômio chamado escola pública brasileira.



Adriano Salvi.

Comentários

  1. Incrível como o seu olhar sobre a obra Malditos Professores Malditos projeta novos horizontes.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Luta Corporal