Efeito Manada (Uma triste fábula contemporânea)


No mundo da fantasia havia um país rural de gente muito cordial. Por ser o país do agronegócio o que mais se via era gado, afinal tratava-se de uma atividade muito rentável. Seu rebanho era visto para muito além dos pastos, e seu mugido ecoava por toda a parte. Preso em seu curral eleitoral o rebanho pastava enquanto os lucros dos fazendeiros aumentavam.
Havia neste país um burro que era uma espécie de capataz também chamado de presidente. Era dele a função de arrebanhar o gado, e conduzi-lo conforme os interesses dos patrões. Seu comando era meio destrambelhado e muitas vezes desastroso, mas o gado que existe para trabalhar e pastar, não ligava para isso, queria apenas seguir a manada mesmo que fossem para o brejo.
Certa vez, houve um surto de doença no país rural, todas as fazendas ficaram em alerta, alguns donos preocupados, outros nem um pouco, afinal, havia gado suficiente para a manutenção dos lucros, o gado atônito ficou fechado em seus currais temendo pelo pior. O capataz, que no passado foi atleta e que por isso mesmo era imune à doença, liberou o gado e disse que não passava de uma gripezinha e que a euforia coletiva causada pela mídia manipuladora levaria as fazendas ao colapso financeiro, o que rarearia  (verbo difícil de pronunciar) o pasto a todos os ruminantes.
Houve um grande alvoroço e os bois bravos começaram a mugir e a babar. "Deixem o gado trabalhar." "A economia não pode parar." Diziam. Carreatas foram organizadas e ruas ocupadas, de repente a vida já não tinha muito valor. O valor estava nas coisas, no consumo, na produção, no lucro. O gado manipulado gradativamente adoeceu, sacrificando boa parte do rebanho, a cura viria muito tempo depois, já para o arrependimento, não havia vacina que salvasse. 
Moral da história: Não elejam um burro para liderar o rebanho.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Luta Corporal