Esferográficos

  Era um primor de criança, dessas que vivem sempre bem asseadas, penteadas e engomadinhas. Educada, gostava das coisas muito bem organizadas, era do tipo que ajeitava tudo milimetricamente em seu devido lugar. Inclusive a disposição em que deixou alinhados em seu quarto os corpos do papai e da mamãe.

O filho havia sumido há algumas horas, aflita a mãe rogava a Deus por sua vida. Quando a criança enfim retorna sã e salva ela então pragueja: Eu vou te matar, praga!

Sonhando com um sim, só conseguiu dizer:  "Não!" Quando o noivo morreu na véspera.

Esperava que a sorte lhe sorrisse na próxima esquina, de cara fechada ela anunciou o assalto, deu-lhe três tiros e as costas.

Não levava desaforo para casa porque lá já não tinha mais onde guardar.

Hoje foi agradável o entardecer o som do mar se sobrepondo aos ruídos dos automóveis a pouca agitação dos bares e restaurantes e o murmurinho dos transeuntes que iam e vinham como eu ca-mi-nhan-do pelo simples prazer de caminhar levado pelas pernas com a mente distraída a fotografar imagens: uma criança construindo pueris sonhos na areia, pássaros que mergulham em voos certeiros, ondas que se findam e recomeçam sem parar... Sons e imagens pairam sobre este poema me sinto pleno  e não faço questão de saber  o que virá depois da felicidade.

- Tem passagem? - Não, senhor. - Documentos? - No bolso. - Ocupação? - Desempregado. - Encaminha por vadiagem.

Austero seu reflexo se deteve a observá-lo no espelho.

Não falava com estranhos. O pai ficou chateado.

Apático era o que sempre pulava.

Humanos não entendiam direito.

Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te amo Eu te canso

Sempre tinha aquele que cruzava os dedos.

Foi através de um gesto involuntário que percebi a presença de minha mãe                                                    em mim. Não consegui disfarçar. E para quem? Mães são assim mesmo nem mortas elas nos abandonam.

Foi só a primeira vista.

Faça o que eu digo, não faça o que faço.

Não tenho Nunca tive E jamais terei tudo o que quero Posto que sou feliz por não faltar nada de que preciso, a não ser café que me ocorre agora esqueci de comprar.

Quebrada todas as regras, o filho agora quebrava os pais.

Era a perder divisas.

Era uma luta diária, mas só apanhava.