O nojo se lhe apresentava de diferentes formas, porém nenhuma delas se comparava ao fato de tê-lo a seus pés se rastejando feito um inseto repugnante, asqueroso e indesejado, ela tinha vontade de esmaga-lo como se esmaga um verme nojento e desprezível, porém sentia pena de seus sapatos sempre caros e brilhantes com que calçava com muito garbo e elegância diferentemente dele um pé de chinelo miserável. Optou pelo desprezo, mas sua atitude só aumentava a devoção e a insistência deu seu patético admirador. Se pudesse, sim, o mataria para se ver livre de seu olhar pedinte, de seus gestos de cortesia vassalo, de seus elogios baratos que não passavam de enjoativas ladainhas cheias de lugar comum e erros de português de quem busca a erudição na folhinha de calendário. Sua afeição era nauseante, sua presença evitada a qualquer custo, total desdém. Um dia ao receber flores ela o disse que as guardasse para seu próprio enterro, pois era esse seu único desejo. Então ele que morria de amores veio...